– Alou?
– Oi! Por favor, o Mário?
– Ah, qualé amigo? Acha que vou cair nessa? Em pleno 2013?
– Essa qual camarada? Não fiz piada alguma. O Mário tá por aí?
– Meu, você tá gastando seus créditos pra tentar fazer alguém do seu lado dar risadinhas. Larga dessa vida rapá! Seu grupo social não precisa disso aê.
– Meu Deus. Você tá bem rapaz? Só perguntei do Mário. Ele tá em casa ou não tá?
– Você sabe que é irrelevante. O Mário não é o sujeito em questão aqui.
– Então qual é o sujeito? Já vo amor, pera um pouco! Hein? Quem é o sujeito?
– Sou muito inteligente pra você. Não vai me pegar nunca. Desista agora, antes que seja tarde.
– Ah vá se danar! Tu, tu, tu.
Segundos depois, o mesmo telefone volta a tocar.
– Alou?
– Alô. Com quem falo?
– Com quem você quer falar?
– Quero falar com o Mário.
– Você novamente? Não se cansa não? Foi humilhado perante seus amigos e quer repetir a dose?
– Pai todo poderoso! Cansar do que? Amor, só mais uns minutos! Tô tentando falar com o Mário aqui! Você bebeu hoje rapaz? Ainda é terça-feira!
– Nunca estive tão consciente de todas as minhas faculdades mentais. Desista. Você nunca me pegará com esse trote clássico e exaustivamente usado.
– Olha amigo – Som de respiração profunda ao fundo -, eu tenho trinta e dois anos, não preciso passar trote pra ninguém para dar boas risadas. Ou eu nem precise de risadas mais. Já passei da idade. Agora quer fazer o grande favor de trazer o Mário pro telefone?
– Boa tentativa. Boa jogada! Essa eu gostei.
– Como? Não sei quanto querida, ele é louco! Acho que liguei pro número errado duas vezes seguidas.
– Quero dizer que suas últimas palavras quase me fizeram perder o controle e cair no seu trote. Mas eu sou a sua Kryptonita, querido Super-Homem. Sou o seu Coringa, amigo Batman. Nada adiantará.
– Então eu sou o super-herói agora? Você é o vilão? Todos sabem que o vilão está sempre errado!
– Mas não este vilão. Sou o primeiro vilão que supera o herói. No caso, você.
– Mas eu simplesmente não fiz nada.
– Então se o que diz é verdade, você é o Aquaman.
– E você é o ralo do meu oceano? Ou a fábrica multinacional poluindo minhas águas?
– Engraçadinho. Não tente levar isso na brincadeira agora que está perdendo.
– Não, não! Agora quero saber quem ganharia se houvesse alguma disputa. Docinho, estou na guerra pela honra, já vamos sair, calma! Hein? Quem?
– Lógicamente que serei eu o vencedor. Desde o primeiro minuto da ligação eu já sabia de suas intenções malígnas. Era fácil prever e proteger a mim e a minha família de suas mãos malígnas!
– Acho que não. Eu liguei com a intenção de fazer você perder o seu tempo. Seu precioso tempo de vilão. Tempo que você usaria para planejar ataques aos pobres e oprimidos desprovidos da minha poderosa proteção.
– Proteção esta que fala no telefone comigo. Então estamos os dois perdendo tempo aqui. Afinal, você está. Porque eu estou ganhando.
– Já chega! Vou acabar com você.
– Como pretende fazer isso? Através do telefone? Ah, esses heróis de hoje em dia. Tsc tsc.
– Querida, não! Por favor, eu resolvo! Alô? Tá ai ainda?
– Sim.
– Minha mulher falou que você deve ser o filho do Mário.
– Droga! Ela é muito melhor que você. Maldição.
– Ahá! Tenho a melhor ajudante do planeta.
– Bom…
– Chame seu pai, o Mário. Por favor.
– Ele não está, foi viajar ontem e só volta no domingo.
– Ah, obrigado.
– Como eu disse várias vezes, eu estava vencendo.
– Não acre…
– Tu tu tu.