Esta crônica tem centenas de linhas. E começa com uma ligação.

 

Boa leitura.

 

– Alô?

 

– Finalmente rapaz! Estou te ligando faz umas dez horas! Tava na hora de atender!

 

– Desculpa Carlão, tava cozinhando. Nem ouvi tocar!

 

– Cozinhando para cem pessoas, Roberto?

 

– Só pra mim cara! É que tô com tanta fome que comeria uns cinco bois.

 

– Não exagera velho! Você é mais magro que uma esqueleto. Minha filha pesa mais do que você!

 

– Qual filha? Você casou-se mais de trinta vezes e teve mais de quarenta filhas. Impossível de saber Carlos!

 

– Ha-ha-ha. Carlos Alberto você.

 

– Bom, deixemos isso de lado. Qual o motivo da ligação?

 

– Faz uns cem anos que não saímos juntos. Que tal um futebol esse final de semana?

 

– Tem que ver se não vai chover. Ontem caiu alguns oceanos do céu.

 

– Verdade. E o campo coberto é mais longe que o inferno!

 

– Que tal um cinema com nossas mulheres?

 

– Qual das suas?

 

– Para de brincadeira Betão. Agora sou um homem sério!

 

– Combinado então. Quarta-Feira de noite? Mais barato. Estou virando quase um mendigo.

 

– Pode ser! Não se atrase como da última vez. Marcamos três horas e você chegou as quatro. Do ano seguinte.

 

– Bla bla bla. Até!

 

– Até!

 

Chamaram suas respectivas esposas e foram ao cinema no horário marcado. Escolheram o “melhor filme de todos os tempos” segundo eles. Sentaram.

 

– Amor, cadê a pipoca? – perguntou a esposa do Roberto.

 

– Verdade. Estamos com Alzheimer. Tem como ir buscar, amor? – respondeu ele.

 

Ela consentiu e foi buscar. Voltou depois de alguns minutos.

 

– Voltei amor.

 

– Nossa, foi plantar o milho!

 

– Para de ser bobo! Trouxe cinco guardanapos. Segura?

 

Roberto e Carlos se levantaram e foram embora do cinema. Deixando as esposas por lá. Só no caminho de casa, voltaram a conversar:

 

– Não acredito Roberto. Essas coisas me deixam louco! Meu Deus!

 

– Concordo. Vamos tomar umas pra esquecer. Essas mulheres…

 

Um exagero de guardanapos. Um exagero.