Uma das coisas mais interessantes de se notar ao passar do tempo, é a mudança de comportamento das pessoas que formam o nosso pequeno mundo. Desde crenças sociais, fins do mundo, amor à seleção na copa, tabus e costumes. Tudo isso vem mudando sem parar, desde que temos registros.
No início do ano de 1920, mulher que mostrava mais de cinco porcento da pele era considerada vagabunda e homens eram obrigados a sustentar sozinhos a família inteira, sem nem sequer sonhar em ter ajuda da companheira. Mais pra trás na história, queimavam mulheres achando que eram bruxas e pessoas idolatravam outras só pela “cor” do sangue.
Em 1950, criaram a Tv e muitas pessoas achavam o máximo da tecnologia. Olhamos para aquele trambolho hoje em dia e não conseguimos imaginar como as pessoas se divertiam tanto com um ou dois canais para assistir. Sem programação completa.
Mas uma das coisas que vem mudando bastante, principalmente desde os anos noventa, época que eu pude acompanhar melhor, são as piadas. Sim, as piadas, o humor, as risadas.
Na minha adolescência, nos anos noventa, as piadas eram de uma simplicidade absurda, para os dias atuais. Mas, para a época, pareciam ser, como não, revolucionárias e criativas.
– Ei Rafael, qual é a oitava letra do alfabeto?
– H, por que?
– E qual o nome do marido da Julieta?
– Romeu, mas por que cara?
– E o aumentativo de teta?
– Tetão?
– Fala tudo junto agora. E rápido.
Era só o querido Rafael pronunciar a frase completa, que todos os meninos na rua começavam a rir e a apertar o coitado por dez minutos. Diversão para a tarde inteira.
– Rodolfo, repete comigo: Estou com o cru pegando fogo.
– Estou com o cru pegando fogo. Mas pra que isso?
– Fala rápido, umas cinco vezes.
Pronto, risadas eternas na primeira abstenção da letra “R” do rapaz. Coisa que hoje em dia, nenhuma criança de cinco anos é capaz de rir de tal atrocidade humorística. Talvez alguns consigam, mas acredito que esses não tem o costume de ler. Estou a salvo aqui.
Chegamos a uma época, nos anos dois mil, em que dar um tapão na nuca de amigos morenos e falar “Pedala Robinho”, era sinônimo de gargalhadas. Ou pegar uma bola de basquete e jogar na cara de um amigo e, enquanto a bola viaja, vociferar o famoso “pensa rápido”.
Engraçado pensar, que se eu sair hoje na rua e dar um tapa na nuca de um rapaz moreno e falar a frase do Robinho, vou apanhar de todos os traunsentes e ser denunciado por racismo. E não, não vai ter a menor graça, mesmo se estivesse ainda em contexto.
Andando um pouco mais no tempo, as piadas prontas perderam um pouco do sentido. Agora as pessoas dão mais valor ao improviso, ao raciocínio rápido do que a piada em si. Junto com o improviso, temos o StandUp, que conta piadas prontas como se fossem improvisadas. Um jeito diferente de contar as mesmas coisas, de uma forma mais pessoal.
Hoje em dia, 2013, temos uma forte onda de um tipo de piada que sempre me agradou, desde pequeno. Veja como as coisas são. Eu contava piadas bestas e criadas na hora quando menor, e ninguém ria, chamando elas de, veja só, “infame”.
Pois é, hoje em dia, os piadistas infames daquela época conseguiram seu lugar ao sol. Trocadilhos bobos e piadas tiradas na hora de forma bem anormal, tomaram conta da internet através de imagens. Fazendo com que algumas pessoas transferissem para as ruas esse tipo de humor tão simplista.
– Grande João! Sabia que a Alemanha pode perder a copa de 2014?
– Dessa eu não sabia. Mas por que?
– Bom, eles vão jogar às 21:00. E acho que não dá pra mudar o nome do time para Alenoite.
Bom, essas e outras já foram contadas por aí, e o escritor aqui sempre contribuiu com sua parcela. Se ajudei o mundo? Não, mas arranquei alguns sorrisos de amigos, em horas boas.
Todo esse papo sobre piadas e sua evolução, nos faz pensar em uma coisa interessante, não? Sabe aquele seu tio que faz a piada do pavê no ano novo? Ele mesmo. Você se lembrou agora e revirou os olhos ao lembrar.
É, em alguma distante época, famílias riam daquilo e faziam dele o piadista da turma.