Não sou da épocas dos grandes festivais onde era possível ver talentos como Caetano Veloso e Gilberto Gil, mas sei da importância que tais eventos tiveram num passado pouco distante, cerca de 40 ou 50 anos atrás.
Era bastante interessante observar como os festivais mostravam o poder da televisão. Todos os canais possuíam o seu festival, cada um brigando para revelar o melhor cantor. Época essa em que a TV começava a ficar popular no país, quebrando a hegemonia até aquela altura intocável do rádio.
Chico Buarque canta Roda Viva no Festival Record de 1967 ( na época a Record ainda não era a emissora do Bispo Edir Macedo )
Agora vejamos um paralelo com a nossa atual realidade, o computador/internet finalmente parece ter se infiltrado em todas as camadas da sociedade, tornou-se mais um eletrodoméstico comum em nossas casas e por mais que provavelmente nunca substitua a Televisão, certamente fará com ela a mesma coisa que ela fez com o rádio: tomar o primeiro posto e renegar o outro a um patamar inferior de importância. Aí é que vem o contexto para que seja feito um estudo sobre como o nosso modo de consumir cultura está mudando.
Você deve estar pensando, mas pra mim já mudou faz tempo, vejo notícias só no G1, seriados e filmes só na internet, música no youtube, programas de variedades assisto um videolog. Pois é, eu também já sou um desses, mas para grande parte da sociedade só agora essa mudança está acontecendo.
Ainda hoje existem tentativas da Tv em lançar os novos talentos em programas como o Fama e o Ídolos mas é cada vez mais fácil tornar-se famoso postando um vídeo no youtube do que participando desses reality shows, além de que em sua maioria os participantes acabam tornando-se ilustres desconhecidos depois de algum tempo ou adquirem fama por outras formas posteriores ao programa.
Roberta Sá tida hoje como revelação da MPB participou do programa FAMA em sua segunda edição.
Rafael Barreto ganhou o programa ídolos em 2008 e lançou um CD de músicas românticas em 2009. Hoje, sem gravadora, tenta a vida com Sertanejo universitário de forma independente.
Aos poucos vemos acontecerem fenômenos como o de Mallu Magalhães alçada em 3 anos para uma das cantoras mais admiradas da nova geração, começando no site Myspace com seu primeiro sucesso Tchubaruba.
Logo no mesmo ano em que se lançou no myspace Mallu já ganhou diversos prêmios de revelação e gravou seus primeiros clipes como esse, do seu primeiro sucesso.
Nos primórdios vimos um grande domínio do myspace como lançador de talentos mas o mesmo mal que o Rádio enfrentou com a concorrência desleal da imagem de quem está tocando em relação a TV, o myspace enfrentou com o Youtube. Além disso muitos músicos enxergaram no site uma forma de ganhar dinheiro mesmo sem o sucesso fora do ambiente virtual, já que o youtube paga aos usuários de vídeos bastante visualizados uma porcentagem em relação ao que ganha com publicidade.
Hoje já é bastante evidente a mudança de postura que sites de relacionamento acabaram por fazer na nossa vida. Notícias como as do possível fim da MTV Brasil e da mudança de rumos dos canais musicais, que deixaram de ser somente um local de exibição de clipes e tornaram-se canais de variedades e humor, são cada vez mais comuns.
Nos próximos posts contaremos como o youtube tornou-se o principal veiculo de divulgação de novas músicas, como a televisão está enfrentando essa mudança e como essa mudança afeta a publicidade e o modo de criação existem hoje.
Autor: Samuel Grolli