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Crônica: Cantigas antigas

Era um dia ensolarado e bom para acordar. E assim ele o fez, acordou. O sol batia em sua cara, pois não havia teto em sua casa. Motivo pelo qual havia muitas aranhas trazidas pela chuva em sua residência.

Ao sair da cama, lembrou-se que também não tinha chão, então teve que pular de batente em batente de porta até chegar à mesa.

Ele comia, enquanto sua empregada arrumava a mesa. Era um tira, põe e deixa ficar de coisas na mesa. Enquanto fazia isso, ela reclamava da sua escravidão e ziguezagueava para fora da cozinha.

O rapaz continuava tomando seu café com chocola, enquanto dizia para a empregada:

– Quem saiu foi tu.

Terminando o seu desjejum, ele se arrumou para o trabalho, saindo do quarto e dando meia volta volta e meia para sair. Pegou o anel da sua ex esposa e colocou no dedo. Mas o anel se estilhaçou.

Irritado, pegou o primeiro pedaço de madeira na saída e arremessou na rua, pegando em um gato. Sua vizinha se assustou com a cena, mas nada fez.

Ele, cansado já no começo do dia, suspirou e pegou o barco para chegar ao lugar de trabalho. Avistou alguns aborígenes sendo atacados por um jacaré. Mas o barco deles continuou o seu curso sem maiores problemas.

O resto do dia do rapaz correu sem problemas, tirando poucos soldados presos por marchar errado nas proximidades do escritório, juntamente com sapos de pé fedorento. De resto, tudo perfeito.

Na volta para casa, observou um pintinho fugindo de um gavião ao longe e um amigo sambista, doente e com a cabeça quebrada, deitado na margem do rio.

Ele ficou feliz por ter saúde. Cabeça, ombro, perna e pé intactos. Foi para casa. Encontrou sua velha empregada fiando alguma coisa enquanto uma mosca a atacava.

Dormiu mal aquela noite. A galinha do vizinho não parava de fazer barulho e botar muitos ovos amarelos. Mas, de qualquer forma, ele conseguiu descansar.

Passou-se o tempo e o inverno rigoroso chegou. Ele, infelzimente, morreu de frio.

A sua casa também não tinha paredes.

 

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