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Conectados e desagregados

Tatiana Nascimento – Poka

Tenho uma confissão a fazer: eu trabalho com web, estudo Social Media e não tenho um smart phone.

Isso tem me sido cobrado diariamente nas mais variadas situações. Todos não só estão conectados o dia todo, da hora que acordam à hora de dormir, como parecem fazer questão de te lembrar que, se você não faz o mesmo, está cometendo um grande pecado. Minha desculpa para isso é simples: acredito que, justamente por ficar conectada o tempo todo no trabalho, e eventualmente em casa, não seria, digamos, saudável, ocupar meu pouco tempo livre com a tentação de olha meu Facebook e Twitter.

Penso com frequência sobre como nós vivíamos antes disso tudo e fico assustada ao perceber que não consigo me lembrar muito bem de como isso era… Mas uma coisa é fato: Se todo mundo fosse mesmo tão feliz como demonstra no Facebook, não estaria na internet postando, e sim lá fora vivendo. Quanto mais conectados estamos, mais desagregados vamos ficando na vida offline.

Isso me lembrou o livro “Alone Together” de Sherry Turkle, psicóloga e professora de estudos sociais das ciências e tecnologia do MIT. Nele, através de entrevistas, ela traça um perfil assustador da sociedade atual: priorizamos a conveniência e controle enquanto diminuímos as expectativas que temos uns dos outros. Você pode pensar que isso é um exagero, imaginar personagens bizarros, como os criados pelo diretor argentino Gustavo Taretto em seu recente filme Medianeras (#ficaadica), pessoas que não conseguem manter relações reais enquanto contam seus segredos na internet para estranhos. Mas dadas as devidas proporções, isso não é tão diferente assim do que somos.

Não é irônico pensar que numa época em que se fala tanto que as marcas devem conversar com seus clientes nas redes, que todos querem interagir online, estamos ficando cada vez mais incapazes de fazer isso desconectados, uns com os outros?

Termino com uma reflexão que Sherry Turkle faz em seu livro: “Assim que nos retiramos do fluxo da vida, confusa, desordenada e física e nos envolvemos na vida robótica e em rede – nós ficamos menos dispostos a nos envolver e dar uma chance”.

Pensem nisso 😉

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