Tenho por hábito chamar a todos profissionais que admiro de criativos e não consigo entender o motivo de alguns deles não se identificarem com o apelido. Considero um grande engano acreditar que em exatas não se trabalha com criatividade ou que pessoas que trabalham com criação são somente aquelas que desenham, fazem arte, textos e etc. Veja bem, se você concebe uma nova forma de ganhar dinheiro ou consegue contornar problemas administrativos com pequenas medidas que ninguém havia pensado antes, você está ou não sendo um criativo?
Para alguns a relação com a criatividade é uma coisa visceral e pra outras pessoas se trata de uma habilidade que vai sendo construída com o tempo, a partir de uma preparação diária que não inclui passe de mágica ou dons divinos! Norteando cada criador, existem processos criativos, que apesar de haver grandes pesquisadores discorrendo sobre o tema, acredito que sejam passos bem pessoais que começam com um molde acadêmico, mas que se desenvolvem da forma mais confortável para cada um, porém, independente do método utilizado existem 3 constantes indispensáveis :
- Tudo se inicia de uma necessidade.
- É preciso obter o máximo de informações possíveis sobre a situação.
- A primeira ideia nunca é suficiente.
Para por em termos práticos, conversei sobre o tema com o 2minds Studio, uma das empresas que tive a sorte de conhecer através do projeto Jovens & Empreendedores e que com certeza pode falar com bastante propriedade sobre criação.
Como recebem o briefing ?
Depende sempre da empresa e do produto final! Para publicidade normalmente tudo fica muito bem especificado, alguns clientes são bem diretos e se pisarmos um pouquinho fora do conceito inicial, sempre tem alteração. Já quando trabalhamos para jogos, normalmente o diretor de arte permite nossa participação na criação do personagem/cenário porque ele gosta de ver nossa opinião artística. Tem cliente que não sabe bem o que quer, mas tem alguma ideia, nosso trabalho também é ajudar esses mais perdidos com o desenvolvimento do projeto.
Geralmente o briefing é passado diretamente pelo cliente ou, no caso de empresas maiores, pelo Diretor de Arte. O briefing geralmente envolve o que deve ser ilustrado, qual estilo, onde vai ser aplicado/utilizado e o prazo.
Vocês poderiam contar pra gente como ocorre o processo criativo de vocês?
O processo criativo sempre se inicia com esboços. Desenvolvemos rabiscos rápidos e ideias múltiplas, buscando entender qual a linguagem e forma que queremos para o projeto em questão. A partir desse estudo selecionamos os esboços que achamos mais interessantes e aprofundamo-los, dando linhas mais precisas e até cores. Com o concept fechado e aprovado finalizamos a arte, com tudo que tem direito.
Quais caminhos percorrem até que finalmente uma ideia surja e ganhe forma?
Depende sempre da origem do projeto. Um projeto pessoal pode tomar rumos bem diferentes, por isso não existe uma fórmula. Se estivermos certos do que queremos fazer somos nossos próprios diretores e parte do processo de criação e adaptação ocorre durante a execução mesmo. Quando o projeto é externo, ou seja, lidamos com um cliente ou parceiro, temos que pensar em voz alta e dialogar para que a ideia fique clara para os dois lados, tanto de quem direciona quanto de quem executa. A forma vem quando botamos a mão na massa efetivamente! 🙂
Como ocorre a sua relação com a criatividade?
A criatividade, para nós, nada mais é do que o resultado de uma mente exercitada e ‘bem alimentada’. Nós estamos sempre lendo, jogando, assistindo filmes e séries, procurando livros e referências, acompanhando o trabalho de outros artistas de diferentes mídias, desde fotografia até dança. A mente alimentada é aquela que conhece variedade e está sempre disposta a absorver e produzir coisas novas. Se você está sempre vendo as mesmas coisas, nos mesmos lugares, pode ficar enferrujado!
(Para essa e outras entrevistas acesse: Jovensdenegocios.tumblr.com)
Depois de tudo isso, ainda posso lhe dar alguns bons conselhos que aprendi lendo livros maravilhosos como Um toc na cuca de Roger Von Oech!
Primeiro: Comece mudando o seu olhar de encantamento com relação a criação, não se achar capaz é um dos principais bloqueios que se pode encontrar pela frente.
Segundo: Busque referências! Consuma conteúdo de todos os tipos, pois eles serão suas fontes de insights no futuro.
Terceiro: Anote tudo! Até as piores ideias são dignas de anotações, um dia você pode precisar dela e finalmente saber o que falta para transformá-la em algo genial.
Não é tão fácil mudar de atitude e o assunto é tão bacana que poderia passar a vida lhe falando sobre técnicas, processos e bloqueios, mas ao invés disso vou lhe dar a sugestão que minha professora de produção gráfica me deu em meu primeiro dia de aula: “Mude o caminho de casa, sente na janela do ônibus e repare no mundo que está a sua volta, nas cores e nas formas que ele tem.” Tenho certeza que esse será um bom começo!
Como é o seu processo criativo? Quer dividir com a gente nos comentários?
Jess
Formada em design de moda e publicidade e propaganda. Aprecia sem moderação filmes e série sempre que possível, escreve poesias para passar o tempo e produz conteúdo para blogs de moda. Acesse seu Facebook.