Parece que trabalhar com Social Media é a nova profissão da moda. Como ouvi uma vez em uma palestra do Rene de Paula, o ideal de sucesso agora é ter um Mini Cooper, trabalhar em um escritório branquinho na Vila Olímpia e sair na Meio & Mensagem.

Essa glamorização da profissão foi algo que sempre me incomodou. Será que ter sucesso na profissão se resume a isso? Vejo uma certa limitação nisso, como se o mercado se resumisse aos grandes cases, aplicativos inovadores para um público AA.

Num país em que a classe média nunca foi tão grande, onde milhões de pessoas estão pela primeira vez comprando seu computador, acessando a internet, porque o mercado de Social Media parece não enxergar isso? Vejo muito pouco trabalho focado nesse público, e algumas análises um tanto equivocadas.

Semana passa a matéria de capa da revista Proxxima era “Adeus, Favela”, sobre os padrões de consumo da classe C na web. Coisas como “adoram receber e-mail marketing pois nunca receberam um e-mail na vida”, “o Twitter é um rede social baseada em texto, por isso não faz sucesso com esse público” e “o Facebook não os atrai porque tem muitos termos em inglês” me chocaram. Como alguém nascida e criada na periferia, fiquei especialmente incomodada com essa visão estereotipada do público de baixa renda.

A periferia tem orgulho do que é, está louca para consumir e interagir. Mas enquanto o mercado ignorar esse novo público, focando nos cases que geram prêmios, ou tiver essa visão míope do que eles desejam, não vamos avançar. Social Media não se limita a Vila Olímpia, a ganhar prêmios ou desenvolver aplicativos para iPad. Há um mercado emergente, de um público que quer coisas simples, mas igualmente inteligentes. E é desse lado que eu quero estar.