Ela tinha tudo em mente. Planejou o dia especial por mais de quatro meses. Iria finalmente conquistar o amor de sua vida. Aquele mesmo rapaz que vai ao bar toda sexta feira e senta na mesa ao lado. Nunca tivera coragem de puxar assunto. Mas agora era diferente. Tinha um plano.

Deveria desconfiar quando contou tudo e a melhor amiga fez uma cara feia fingindo que entendeu. Mas ela estava cheia de si. Planejou aquilo por muito tempo para dar errado.

Contou pra amiga que iria ao bar e pediria bebidas fortes além da conta. Mas não beberia, jogaria fora sem ninguém ver. Logo depois iria ao banheiro, passando pela mesa do rapaz. Encostaria nele ao passar, para dizer com o corpo que ela existe. Voltando do banheiro, fingiria passar mal e cairia no colo do coitado.

– Mas e depois? O que você vai falar? – dizia a amiga.

Ela tinha tudo em mente. Não tinha como ele a achar louca. Porque ao leva-la para a mesa novamente, veria muitas garrafas vazias e uma amiga desesperada.

Mas a amiga ainda tinha desconfianças sobre o plano:

– E ele te levando pra mesa, que conclusão você terá? Ele pode ser somente educado…

Mas ela tinha estudado psicologia durante esses meses. Estaria preparada para qualquer sinal de carinho acima da média que ele teria com ela ao cuidar. Também fez um curso de dublê para poder cair em cima dele sem machucar nenhum dos dois. Sem contar nas incontáveis aulas de locução, para a primeira vez que ele ouvir a voz dela.

Chegou a noite de sexta. Estava tudo preparado. Ela e a amiga entraram no bar, como de costume. Sentaram na mesma mesa. Ele ainda não havia chego. Ela começou a pedir as bebidas, jogando em uma garrafa escondida dentro da bolsa. Juntou durante os meses de planejanemto, o suficiente para comprar o bar inteiro, se preciso.

Depois de uma hora, ele chega. Senta com dois amigos na mesma mesa de sempre. Ao lado dela. Como de costume, não repara nas moças. Ela se prepara para a execução.

– Agora amiga? – sussura a cúmplice.

Mas ela mal dá ouvidos. Se levanta, pega a bolsa e vai ao banheiro. Esbarra nele, pede desculpas e continua indo. Após cinco minutos, ela volta caindo no colo dele, de olhos fechados. Não consegue ver nada, só ouvir uma voz suave perguntando:

– Hmmmm, que shampoo que você usa?

Foi o começo de uma grande amizade.