Um dos problemas que permeiam o mundo publicitário é o “achismo”. Quando se trata de comunicação, todos acham demais. Acham que o preço é injusto, acham que logo se faz em um dia, acham que flyer é a melhor opção, acham que comic sans é uma fonte decente. Mesmo com a revolução das mídias e o advento cada vez mais evidente da internet, é muito comum observar gente e empresas que não compreendem a importância de uma comunicação bem estruturada. Vejo muitas pessoas que ainda acham que contratar um social media é desperdício de dinheiro; mas, quando esse profissional pede likes no facebook, eu acho que elas tem razão.

Reclamamos constantemente da falta de reconhecimento e prestígio da nossa área – o profissional de comunicação é visto mais como um suporte do que como parte fundamental na construção e manutenção da imagem interna e/ou externa de uma instituição -, e com razão. Mas o que não paramos pra pensar é que somos nós mesmos que damos essa visão ao mercado: permitimos que uma imagem distorcida de nossas habilitações seja criada e ainda, algumas vezes, colaboramos com esse processo.

Um exemplo claro – que é também o motivo primordial desse artigo – de como criamos um ambiente propício à nossa própria desvalorização é a prática constante e lamentável de “pedir likes”. Muitas vezes nos deparamos com um amigo ou colega de profissão que, sendo responsável pela gestão de uma página no facebook (sim, estou ignorando empresas e instituições que possuem perfis), posta em seu perfil, nos grupos ou até mesmo no chat, o link da página em questão e pede, literalmente, que você “curta”, pra dar uma força.

O profissional de comunicação que se propõe a trabalhar com redes sociais é – em teoria – preparado para gerir esse segmento da internet de maneira a despertar o interesse dos internautas e a manter a visibilidade de um determinado cliente, e o social media que pede likes dá um atestado da própria incompetência. Não entra em pauta se o conteúdo da página é relevante ou não: a questão é a incapacidade de realizar um trabalho ao qual se propõe. Seria como um vendedor de feira dizer: “Compra minha maçã, por favor! Eu deveria criar uma promoção para que você se interessasse por ela, mas não consegui pensar em nada; de toda forma, tenho certeza que você não vai se arrepender!”.

A minha pergunta é: como esperar que o mercado nos valorize se nossas práticas, ao invés de enfatizar a importância de um conhecimento específico, constroem uma imagem que vai completamente na contramão da necessidade do planejamento comunicacional que tanto pregamos? Pensar estratégias faz parte do nosso backup profissional, mas a capacidade de pedir é uma característica intrínseca a qualquer ser humano.

Para que sejamos reconhecidos, é necessário que saibamos fazer bem. E o fazer implica no processo, e não apenas no resultado. O real impacto online se dá através da experiência de cada internauta, e é necessário saber gerá-la. Somos reconhecidos na medida do nosso trabalho, e é muito fácil ser medíocre. Mas se somos bons – existimos, e somos muitos – , há como reverter essa imagem errônea que se estabelece sobre nosso segmento.

Sejamos profissionais! Façamos valer os diplomas, os cursos profissionalizantes, a experiência de trabalho e as demais fontes que compõem nosso back up profissional. Não quero ser irônica mas, por um mundo melhor, eu imploro: parem de pedir likes!

Autora: Nathália Bariani