Não deveria haver nenhuma novidade em dizer que a principal ferramenta imaterial presente no trabalho de um publicitário é a empatia.
Assumir o ponto de vista da marca e se colocar no lugar dos consumidores são exercícios diários de trabalho constante.
Com o crescimento do mercado de nicho e o afunilamento cada vez maior de qual público deve ser atingido, a conversa entre marca e consumidor se tornou tão intima e tão direcionada que os principais erros cometidos ultimamente, aconteceram justamente por essa falta de sensibilidade por parte dos seus criadores, tanto para entender com quem está falando, como para contextualizar eficazmente a sua fala dentro do cenário sociopolítico vigente.
Parece tudo muito complexo, pretensioso e num certo grau, pode até parecer algo subjetivo demais para ser tomado nota, mas na verdade não é nada que uma boa pesquisa, desprendimento e um bom planejamento não possam resolver.
O mercado por muito tempo trabalhou com targets grosseiros e estereótipos que serviriam para universos que abrangiam garotas de 25 a 50 anos de idade. Parece um absurdo pensar nisso hoje, mas a grande verdade é que ainda ontem pensávamos em um mundo especificado por H,M; 25-35; Classe C e B+.
Conversando com alguns colegas cheguei a 5 práticas que podem ajudar a amadurecer a nossa capacidade de enxergar o mundo com os olhos alheios e te ajudar a melhorar a comunicação com os consumidores que hoje ganharam características muito mais especificas que a idade.
Leia romances/biografias
Livros técnicos e acadêmicos são maravilhosos para a prática profissional, mas nunca despreze a possibilidade de ser transportado para outros universos e experiências pelos olhos de outras pessoas.
Seja mais que a bipolaridade que o mundo tem exigido
Ninguém aqui está pedindo para que abra mão do seu posicionamento politico ou que deixe de achar o quiser de ideologias e partidos no seu tempo livre.
No entanto, para a eficácia do seu trabalho, é extremamente necessário que transcenda todos os preconceitos e descubra o universo e o argumento de quem está em um “mundo” oposto ao seu, mas faça isso sem grandes julgamentos, conheça como quem visita outro país.
Mais que imaginar com o nosso ponto de vista quem é aquela pessoa, que tal ir até o lado dela da cerca e experimentar criar uma persona que não é somente uma projeção de nós mesmos?
Esse distanciamento só pode ser conseguido com conhecimento, sem preguiça e muita força de vontade. Ganhar esse novo olhar dói muito, custa caro e a cada minuto imerso é uma dor ainda maior dependendo da forma que encare esse pequeno intercâmbio.
Por isso lhe proponho um pequeno desafio!
Que tal começar a transcender sabendo exatamente sobre o que o outro lado está falando?
Se é mulher e feminista, leia algo como:
O outro lado do feminismo – Phyllis Schlafly e Suzanne Venker
Como ser um conservador – Roger Scruton
Se for homem, machista, leia algo como:
O segundo sexo –Simone de Beauvoir
A mística feminina – Betty Friedan
Ou todos os posts da página do Vamos juntas? no Facebook.
Se for Capitalista, leia algo como:
Capitalismo parasitário – Zygmound Bauman
O Capital – Thomas Piketty
Se for Comunista, leia algo como:
Capitalismo consciente. – Jonh Mackey e Raj Sisodia
Empreendedorismo criativo -Mariana Castro
Se for de direita, leia algo como:
Pedagogia do oprimido – Paulo Freire
Manifesto do partido comunista – Karl Marx e
Se for de esquerda, leia algo como:
Tudo que precisa saber para não parecer um idiota. – Olavo de Carvalho
Por Que Virei à Direita – Denis Rosenfield, João Pereira Coutinho, Luiz Felipe Pondé
Ainda não li todos os livros que indiquei, mas todos estão na minha lista como PDF ou na minha estante esperando a sua vez. Poderia indicar alguns filmes, mas livros são sempre mais íntimos. Caso tenha dicas interessantes, deixe nos comentários!
Pratique ser outra pessoa
Já tentou escrever um diário que não fosse seu?
Conheci algumas pessoas que levaram a cabo escrever vidas com tamanha propriedade que seus blogs fizeram até um certo sucesso. Parece maluquice, mas que tal começar devagarinho e escrever um dia ou outro como se pertencesse ao sexo oposto, adotando uma idade maior ou um pouco menor que a sua? Talvez um perfil no Twitter seja perfeito para pequenas doses de exercícios diários. Pode ser bem divertido!
Pense no contexto social
Vamos levar em consideração que o seu público principal seja altamente machista, é preciso se comunicar com eles, mas é realmente necessário fazer isso de uma forma que irrite toda a sociedade, ou melhor, que irrite seus outros consumidores? As marcas quase sempre terão que se posicionar de alguma forma em relação aos acontecimentos sociais, é importante lembrar que uma má postura irá gastar muito mais do que pode vir a ganhar na maioria dos casos e se lembrar sempre que até mesmo dizer nada, também é um posicionamento.
Esqueça esse papo de “é mimimi”
Nada é, e tudo pode ser questão de mimimi, dependendo somente do seu ponto de vista. Se você como profissional de propaganda ainda classifica a opinião do público a respeito de um trabalho como mimimi ou começa o seu discurso de defesa dizendo algo como “o mundo está muito chato”, quer dizer que talvez não esteja encarando tudo isso com a empatia necessária.
É preciso descer do salto e perceber que influenciamos muito a cultura pop, mas que o nosso trabalho é muito mais servo que rei. Se a comunicação deu errado, nunca será culpa do público que não tem bom humor, a culpa é sua que não percebeu isso antes e torrou a grana do cliente falando baboseiras com quem não se identificava com elas ou impactou muito além do target de maneira ambígua ou ofensiva, não tem relação nenhuma com “draminhas”.
Empatia
substantivo feminino
- faculdade de compreender emocionalmente um objeto (um quadro, p.ex.).
- capacidade de projetar a personalidade de alguém num objeto, de forma que este pareça como que impregnado dela.
- capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende etc.
- psic processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro e, com base em suas próprias suposições ou impressões, tenta compreender o comportamento do outro.
- soc forma de cognição do eu social mediante três aptidões: para se ver do ponto de vista de outrem, para ver os outros do ponto de vista de outrem ou para ver os outros do ponto de vista deles mesmos.
Empreendedora via Shutterstock.
Jess
Formada em design de moda e publicidade e propaganda. Aprecia sem moderação filmes e série sempre que possível, escreve poesias para passar o tempo e produz conteúdo para blogs de moda. Acesse seu Facebook.
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4 Comments
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Ótimo artigo!
Obrigado Diane!
Amei! Com certeza me deu inspiração.
Obrigado Rachel!